O meu saudoso "pão por Deus"

Esta semana a Igreja celebrou o Dia de Todos os Santos, solenidade em que são recordados todos aqueles que, embora não sendo conhecidos, deram a vida pela fé professada, no seguimento do Mandamento Novo deixado por Jesus aos homens.

Na história da Igreja são muitos aqueles que constam do calendário litúrgico ou até do martirógio. Mas serão ainda muitos mais, aqueles de forma anónima sofreram e padeceram em nome de Cristo. Por estes, a Igreja se alegra e exulta e celebra num dia próprio que eu, recordo-me, dedicava, enquanto criança da catequese, a recolher porta porta, pequenos dons que serviam para alegrar e fazer esboçar grandes sorrisos de felicidade. Era o "pão por Deus" que nos ocupava nas manhãs desse Dia Santo, até chegar a hora da missa. No final, embora ainda não tivesse a plena consciência do que estava a celebrar, ficava a alegria pelos dons que Deus me concedia.

Hoje, fico triste ao ver que, por imposição de uma sociedade comercial e cada vez mais globalizada, se fazem sobrepor tradições de origem pagã a uma tradição cristã com origem no século IV. Refiro-me à celebração do dia das bruxas, de origem anglo-saxónica, que vem ofuscar a nossa festa de Todos os Santos. Mais triste, ainda, fico ao saber que há cristãos empenhados na Igreja que, rendendo-se a esta consequência da globalização, promovem estas festas pagãs, envolvendo crianças e jovens, alguns dos quais hoje, nem chegam a ouvir falar do "pão por Deus" do meu tempo.

Enquanto Sentinelas temos de estar atentos a estas mutações na sociedade que nos envolvem e envolvem o nosso cristianismo chegando, inclusive, a alterar os nossos ritmos próprios. Concordo com a nossa actualização e modernização de linguagem, mas há coisas que têm de ter peso e medida.