sábado, 4 de agosto de 2007

Quando não há Ofensa


O homem aproximou-se do espinheiro.
Ergueu a mão para o tocar
e um "ai!" de dor brotou dos seus lábios.
Um rubi de sangue brilhou no seu dedo.
O homem limpou o sangue e disse fitando o espinheiro:
- Eu perdoo-te!
Admirei e louvei dentro de mim
aquele homem que possuía o doce dom de perdoar.

E aconteceu que veio outro homem.
Parou junto ao espinheiro,
ergueu a mão para o tocar, e o espinho feriu-o.
Mas o homem limpou em silêncio a ferida,
contemplou com amor o espinheiro,
e "não" disse "Eu perdoo-te!".
Tive, então, este pensamento:
"O primeiro homem era um santo: sabia perdoar! Este outro não sabe!".

Mas Deus, interrompendo o meu pensamento, disse:
- Quem não sabe és tu!
- Como, Senhor? Então aquele homem...
- Sim, é um santo, porque perdoou quando foi preciso!
- E o segundo?
- É mais santo ainda,
porque não viu ali a
necessidade de perdoar.

E como eu fiquei perplexo,
com o olhar perdido na incompreensão
e na dúvida, Ele disse-me:
- O espinheiro fere, porque é espinheiro.
Ainda que ele quisesse nunca poderia perfumar.
O primeiro homem sentiu a dor da ferida,
e como não sabia nada,
atribuiu a culpa ao espinheiro.
Mas, como era puro de coração, perdoou.

O outro homem sentiu a mesma dor,
mas como sabia que qualquer espinheiro fere,
pois o espinheiro é assim,

não se sentiu ofendido.
E assim não tinha o que perdoar.”

Desde então sofro menos
quando os espinhos me ferem.

Dói-me na alma a ferida,
mas a minha alma sabe que não há ofensa.

É assim que do meu peito brota um piedoso amor
pelo espinho que não chegou a ser flor.

O meu sofrimento transforma-se em ternura
porque já aprendi a não ver ofensa onde não há!

Mas quando assim sinto,
mesmo que o que me ofendeu e/ou feriu...
então, assim como Cristo me ensinou,
sigo a perdoar!”

(Desconheço o autor)

1 comentário:

O Profeta disse...

Errantes fragrâncias, soltas no dia
Tanta paz, tanta verdade incontida
Tanta fé, no caminho da vida
No céu, grito de pássaro de asa ferida


Profético beijo